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Victor Galles

Victor Galles é um artista multimídia formado em Cinema pela UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina - Brasil) que busca expressão através da edição de vídeo e da desconstrução de várias mídias, a fim de experimentar novas formas de criar peças audiovisuais e gráficas.

Sua arte é centrada no uso de coleções de som e vídeo, arte generativa e capturas analógicas. Ele trabalha na cena da arte em vídeo, sendo estas assinadas como Datajunkz, seu laboratório de pesquisa audiovisual.

Televisão, computadores, videogames e música eletrônica são particularidades que movem e inspiram seu trabalho. Ele está sempre em busca de uma maneira de destacar fragmentos reprocessados ou danificados que são possíveis gerar por meio dos programas. Além disso, ele utiliza os meios sensíveis e críticos da edição manual em software, unindo o mecânico ao automático para contar histórias.

Com seu vídeo experimental eth_OS, Victor conseguiu seu espaço no Experimental Brasil.

1 - Tudo bem? Poderia se apresentar aos nossos leitores e contar um pouco sobre quem é você, de onde é e o que faz?

 

Olá, sou Victor Galles, cineasta e artista multimídia. Sou formado em Cinema e Audiovisual pela Universidade do Sul de Santa Catarina, mas sou paulista de Bauru – SP, onde vivo atualmente. Sou um curioso e explorador dos meios analógicos e digitais para fazer peças audiovisuais, seja videoarte pela montagem manual em software, quanto das novas mídias, utilizando a automatização e programação criativa, gerando interatividade com o público.

 

2 - Seu filme eth_OS foi selecionado para entrar no nosso festival. Poderia falar um pouco sobre ele?

 

Meu primeiro curta-metragem, “eth_OS”, criado como trabalho de conclusão de curso, é uma videoarte de montagem onde procuro refletir o mundo contemporâneo, os caminhos e paradoxos sociais em meios cibernéticos e urbanos extremamente saturados, da falta do senso crítico e a espetacularização do caos, um sentimento potencializado pelo que vivíamos quando foi feito, 2021, ano de pandemia e desgoverno. Foi criado através da exploração sonora e visual de mais de 120 filmes de acervos digitais, boa parte são vídeos educativos das décadas de 60 a 80.

 

3 - Como funciona o seu processo criativo?

 

Meus processos são puramente experimentais. Procuro temáticas através da tentativa e erro, examinando mídias em softwares de som e vídeo, em videocassete ou softwares de programação criativa, como Touchdesigner. Gerando materiais preliminares, uma ideia a ser roteirizada pode surgir. Em “eth_OS” por exemplo, roteirizei após criar uma trilha sonora experimental de 9 minutos, usando o som de vídeos aleatórios como sample, ouvindo-a e escrevendo uma história, gosto desse processo “reverso” ao cinema tradicional.

 

4 - Por quê cinema?

 

No Cinema podemos nos expressar e transitar em diversas áreas, sejam as mais criativas ou as mais metódicas. O Cinema é para quem não gosta de zona de conforto e gosta de trabalhar em equipe. Posso dizer que a área que encontrei no mercado foi na pós-produção, mas não me estabilizei. Se não estou fazendo trabalhos relacionados a edição de vídeo institucional, estou fazendo som direto, montando set, etc. O experimental é um processo mais solitário, apenas para trabalhos esporádicos e sem amarras, o que é meu favorito, mas poucos levam a sério. É divertido, às vezes desesperador, nadar sem rumo nessa carreira.

 

5 - Quais são as suas metas dentro do cinema?

 

Minhas metas com o Cinema é aliá-la com as novas mídias, ter maneiras de transmitir sentimentos em instalações artísticas, onde possa usar a tecnologia e levar imersão além da sala de Cinema. 

 

6 - Como você vê o presente e o futuro do cinema brasileiro?

 

O cinema brasileiro tem histórias cada vez mais diversas e criativas, mas de pouca acessibilidade e distribuição, além disso, estamos nos restaurando de um grande retrocesso que aconteceu nesses últimos anos com nossa cultura em geral.

A forma de consumo tem mudado, acredito que os futuros cineastas de sucesso estão nas redes sociais, fazendo seus filmes num celular. Apesar de muito dinâmicos e estabelecer conceitos muitos diferentes do que a sétima arte está acostumada, temos algumas obras “instantâneas” por aí na internet, não à toa, as premiações de Cinema estão se abrindo aos poucos ao formato. E para os mais tradicionais, é sempre bom ir em festivais de cinema, como, por exemplo, o FAM em Florianópolis, ou Cine MIS -SP, para assistir curtas brasileiros e universitários para se atualizar e conhecer filmes recentes e novos talentos em uma só sessão.

 

7 - Quais as principais diferenças entre um cineasta amador e um profissional?

 

Cineasta amador é como um estado de espírito. É aquele que não tem medo de errar e ser visto com desdém pelos mais críticos, produz despretensiosamente, com orçamento apertado e mesmo assim, entrega algo interessante e feito com apreço. O cineasta profissional é negócio, meta, arrecadação, prêmios e aclamação, não que seja ruim, eu também gostaria disso tudo, mas sem perder a essência amadora.

 

8 - O que é cinema experimental para você?

 

O cinema experimental para mim é o cinema da técnica, da exploração do meio que o filme é produzido. Testar técnicas mistas, do analógico e digital, gerando imagens e sons que nos distancia do tradicional, trabalhando o sensorial e evidenciando a instabilidade da matéria, dos circuitos e códigos. De alguma forma, a mensagem passada pelo diretor condiz com os meios utilizados para produzir seu filme experimental, seja utilizando película, uma filmadora em fita, ou até mesmo corrompendo arquivos digitais com intuito de glitch. 

 

9 - Quais os pontos fortes e fracos no atual cinema brasileiro? E o que seria possível fazer para melhorá- lo?

 

Temos muita originalidade, diversidade e talento, filmes nacionais sendo aclamados mais internacionalmente do que no próprio país. Há sempre um mesmo filme ocupando todas as salas de cinema, nos impossibilitando o acesso a filmes nacionais, principalmente nas cidades do interior. O maior problema está na distribuição e marketing bastante limitado de filmes nacionais, já que o que dá mais arrecadação é mais interessante para essas salas de cinema de shopping center. A valorização da cultura nacional e uma distribuição de filmes que nos dê o direito de escolha seria uma forma de ter novos feitos no Brasil, libertando o cinema nacional contemporâneo do rótulo de “alternativo”, tornando-a popular e acessível.

 

10 - É possível viver de cinema no Brasil?

 

Por minha vivência, ainda não... ainda mais quando nos baseamos na indústria americana ou europeia, que até mesmo no circuito alternativo, possuem orçamentos elevados em comparação a realidade que vivo. Para outras pessoas, com mais dinheiro, que esteja dentro de um meio artístico mais sólido, tenha talento para contar histórias comerciais, paciência para lidar com editais, orçamento para se inscrever em festivais, é possível. 

 

11 - Talento, esforço ou sorte? O que conta mais?

 

Um pouco dos três, sorte principalmente. Nem sempre o mais talentoso ou esforçado consegue se evidenciar numa carreira.

 

12 - Qual seu cineasta preferido? Por quê?

 

Takashi Ito, especificamente no cinema experimental, é meu preferido por me instigar com seus curtas e levar a me interessar por esse tipo de cinema.

 

13 - Quais os seus cinco filmes preferidos de todos os tempos?

 

Meus filmes favoritos são fases da vida, não consigo citar de forma definitiva, mas alguns longas que me marcaram por sua estética enigmática e trilha sonora marcante são:

Videodrome, David Cronenberg.

Cidade dos Sonhos, David Lynch.

O Vingador do Futuro, Paul Verhoeven.

Alien, Ridley Scott.

Koyaanisqatsi, Godfrey Reggio, e minha maior inspiração para criar “eth_OS”.

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